quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Filosofia é usada como guia para viver melhor - Parte 6

Mais importante do que ser popular é defender suas próprias posições





"É sábio quem tem em si tudo que leva à felicidade”


O fundador da filosofia ocidental foi condenado à morte por não adorar os deuses de Atenas e corromper a juventude com ideias não aceitas pela sociedade da época. Sócrates (469 a.C. – 399 a.C.) foi a julgamento e teve a chance de renegar suas ideias. Preferiu beber cicuta. Pagou com a vida o preço da impopularidade, mas não abriu mão de seus conceitos. Com isso, ele deixava uma última lição clara: não é possível levar a sério as opiniões alheias o tempo todo. Muitas vezes, é preciso ter a coragem de assumir suas próprias posições, por mais complicado que isso seja.

É difícil agir assim. Afinal, ser popular é prazeroso. Observe: em uma roda de conversa, sempre aparece aquela pessoa simpática, carismática, que conta piadas de que todos riem e sente o prazer de ser bem recebido pelo grupo. Sócrates fazia o contrário: abordava estranhos na rua e perguntava, insistentemente, o que era a felicidade, quais os motivos para realizar sacrifícios para deuses, ou por que homens que vão às guerras são tão valorizados. Era irritante porque demonstrava o quanto os lugares-comuns não se sustentavam logicamente. “Sócrates era o chato que ninguém quer por perto”, afirma o filósofo Robert Rowland Smith, autor de Breakfast With Socrates (Café da Manhã com Sócrates, sem edição brasileira). “Suas perguntas irritavam quem não tinha interesse em debater com profundidade questões que parecem óbvias, mas não são.”

Seus poucos discípulos entendiam o espírito de tantos questionamentos. Aristóteles sugeria que a amizade verdadeira só poderia existir quando duas pessoas compartilhassem sal — ou seja, dividissem refeições, impressões, opiniões. Já Platão, registrou em seus mais de 30 diálogos socráticos a dialética do mestre. Suas conversas se iniciavam com uma pergunta, que resultava em opiniões do interlocutor, primeiramente aceitas. Depois, era mostrado o contraditório daquelas opiniões, levando o interlocutor a reconhecer seu desconhecimento sobre o assunto. Para Sócrates, o importante era ter em mente que todos seus conceitos de vida podem estar errados. Por isso, precisam ser examinados até que provem ter lógica. Mesmo que isso traga impopularidade. Até porque, ninguém consegue ser popular e agradar a todos.

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